quinta-feira


Poema da palavra exacta


Eu dou-te uma palavra,

e tu jogarás nela e nela apostarás com determinação.


Seja a palavra “biltre”.


Talvez penses num cesto,

açafate de ráfia, prenhe de flores e frutos.

Talvez numa almofada num regaço

onde as mãos ágeis manobrando as linhas

as complicadas rendas vão tecendo.

Talvez num insecto de élitros metálicos

emergindo da terra empapada de chuva.

Talvez num jogo lúdico, numa esfera de vidro,

pequena, contra outra arremessada. Talvez...

Mas não.

Biltre é um homem vil, infame e ordinário.

São assim as palavras.


António Gedeão, "Poemas Póstumos", 1983.

5 comentários:

Anónimo disse...

Esta imagem é uma ilusão de óptica.

Vejo um deserto, um deserto enorme, com uma ligeira ondulação cinza escura ao cento e uma caravena que deixa visivel (do lado esquerdo) parte da traseira de um coche com um atrelado alaranjado, seguido de um camelo, novo atrelado laranja e, novamente um camelo de dimensões maiores que o anterior.

É, claramente, uma excursão no deserto.

Anónimo disse...

depois de ter tomado os comprimidos, vejo uma "caravana laranja" na parte sombria, deslocando-se para o abismo, porque espreita uma pequena claridade!

ao mesmo tempo, com "um ar" de superioridade vai um grande comboio reformista, que quer tudo esmagar!

mas o céu não é azul e ou muito me engano ou a luz está a desaparecer!

está bem vou tomar o antídoto...

ch disse...

as coisas que vocês vêem...
cuidado com os comprimidos. gostei da excursão no deserto.
são apenas panos de parede em ruína de escritórios e habitações de mineiros abandonadas nos finais dos anos 50 do século passado.não há uma porta uma janela que se veja e a madeira que se vai vendo é quase toda queimada. procurei a divisão da fotografia em estratos,camadas de cores, texturas e luz.depois, rodei para vertical


ps
a traseira de um coche com um atrelado alaranjado é nitidamente surrealista. vou ver se arranjo uma.

ch disse...

nota:
o post era sobre o peso e a verdade da palavra

Anónimo disse...

Engano o seu!!
A imagem é actual, recente, já a verdade e o peso da palavra pertencem ao século passado.