parte da traseira de um coche com atrelado alaranjado
sexta-feira
Sobre a Desobediência Civil
"... A desobediência, aos olhos de qualquer pessoa que tenha lido história, é a virtude original do homem. Através da desobediência é que se têm feito progressos, através da desobediência e através da rebelião (...) Posso compreender aquele homem que aceita as leis que protegem a propriedade privada, admitindo que esta acumule, enquanto que ele mesmo, sob estas condições, tenha possibilidade de realizar, de uma forma ou de outra, uma vida formosa e intelectual. Mas não posso compreender que aquele a quem essas leis destroçam e tornam a vida horrível, possa estar de acordo em que as mesmas continuem (...)
Oscar Wilde, A Alma do Homem sob o Socialismo
quinta-feira
Poema da palavra exacta
Eu dou-te uma palavra,
e tu jogarás nela e nela apostarás com determinação.
Seja a palavra “biltre”.
Talvez penses num cesto,
açafate de ráfia, prenhe de flores e frutos.
Talvez numa almofada num regaço
onde as mãos ágeis manobrando as linhas
as complicadas rendas vão tecendo.
Talvez num insecto de élitros metálicos
emergindo da terra empapada de chuva.
Talvez num jogo lúdico, numa esfera de vidro,
pequena, contra outra arremessada. Talvez...
Mas não.
Biltre é um homem vil, infame e ordinário.
São assim as palavras.
António Gedeão, "Poemas Póstumos", 1983.
Prémio ainda os há!
"Levar a sério o que diz um político reduz o esperma e pode causar infertilidade e, havendo coerência legislativa, a lei do tabaco deveria aplicar-se às declarações políticas, que só poderiam ser proferidas ao ar livre ou em sítios com adequada extracção de ar e de credulidade."
Manuel António Pina, "Jornal de Notícias", 20 de Fevereiro de 2008
quarta-feira
" Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer
— Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer
— Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora! "
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora! "
Fernando Pessoa, Mensagem
Se a educação é cara, experimentem a ignorância
Sem visível contestação, foi aprovado o modelo de gestão das escolas. As grandes alterações em relação ao anterior modelo resumem-se, em traços largos, a tornar obrigatório o que o anterior deixava em opção aos órgãos da escola e à comunidade educativa que participavam, directamente, na eleição dos órgãos máximos e intermédios das escolas. Tudo isso acabou ou está para acabar.
Com este modelo, há um retirar de soberania a todos os actores do processo educativo, uma diminuição cívica e democrática, um empobrecimento cultural. Um dia destes, lembram-se de acabar, de jure, com a própria democracia. Quem tais poderes tem, pode, se o deixarem, mandar girar o sol ao contrário ou o tempo voltar para trás.
Com este modelo, há um retirar de soberania a todos os actores do processo educativo, uma diminuição cívica e democrática, um empobrecimento cultural. Um dia destes, lembram-se de acabar, de jure, com a própria democracia. Quem tais poderes tem, pode, se o deixarem, mandar girar o sol ao contrário ou o tempo voltar para trás.
terça-feira
O que há de diferente com este governo e com esta srª ministra Maria de Lurdes Rodrigues é que, ao contrário dos anteriores governos e ministros que lidaram com a Educação e que usavam a técnica do motor que perde óleo : em vez de o repararem acrescentavam óleo a cada viagem, esta ministra, acha que o problema não é a fuga de óleo e não é assim que o motor se repara. Vem munida de motosserra.
Se mal o pensou, pior o executou pois como toda a gente que já alguma vez olhou para o motor sabe , motosserras cortam árvores e não sistemas mecânicos, válvulas e fluidos, circuitos eléctricos,juntas da cabeça e outras partes compósitas e constitutivas desse motor primeiro que é a Educação.
Em vez de procurar as causas do mal seguiu o mais fácil e lucrativo no mercado da hediondez sórdida e promovida que se instalou entre nós: Encontrou na classe dos professores um alvo ideal para o atingir com todos os males da educação e da escola, do país e da 5ª avenida. Tudo é culpa dos professores que nunca foram avaliados ( o que é falso) e não das políticas que vêm sido tomadas por sucessivos governos e ministérios. Isto junto de massa ignara, da “gente surda e endurecida”, colhe frutos, quem sabe, cúmplices sorrisos de aprovação sinistra. Somos o que somos.
A Educação, de que a Escola é a parte e é o todo, define o modus, a feição e o grau de progresso e civilização de um país e de um povo. E ou se pára esta forma errada de se fazerem as coisas ou cometer-se-ão danos irreparáveis por gerações.
Em vez de procurar as causas do mal seguiu o mais fácil e lucrativo no mercado da hediondez sórdida e promovida que se instalou entre nós: Encontrou na classe dos professores um alvo ideal para o atingir com todos os males da educação e da escola, do país e da 5ª avenida. Tudo é culpa dos professores que nunca foram avaliados ( o que é falso) e não das políticas que vêm sido tomadas por sucessivos governos e ministérios. Isto junto de massa ignara, da “gente surda e endurecida”, colhe frutos, quem sabe, cúmplices sorrisos de aprovação sinistra. Somos o que somos.
A Educação, de que a Escola é a parte e é o todo, define o modus, a feição e o grau de progresso e civilização de um país e de um povo. E ou se pára esta forma errada de se fazerem as coisas ou cometer-se-ão danos irreparáveis por gerações.
Que os fantasmas do futuro atormentem as almas dos que, vendo, calam.
segunda-feira
domingo
O fosso que divide a família portuguesa torna-se de hora a hora mais profundo. E uma tensão desta natureza não se pode prolongar indefinidamente. É ver como basta que se abra uma fenda de expressão no muro de silêncio que nos empareda para que as duas metades se mostrem como são: uma a dar livre curso à sua indignação represada; a outra, aterrada perante a avalanche, a colmatar o rombo de qualquer maneira.
Os próprios responsáveis por semelhante monstruosidade social o quiseram assim desde o princípio. Em vez de opositor, de discordante, de adversário-substantivos conciliantes-, foram buscar à teologia o termo inimigo para marcar a fogo eterno a pessoa de cada cidadão afastado das graças do poder. Tiranicamente, excluíam-se do redil nacional as ovelhas ranhosas que se recusavam a ouvir o assobio do pastor.
Os próprios responsáveis por semelhante monstruosidade social o quiseram assim desde o princípio. Em vez de opositor, de discordante, de adversário-substantivos conciliantes-, foram buscar à teologia o termo inimigo para marcar a fogo eterno a pessoa de cada cidadão afastado das graças do poder. Tiranicamente, excluíam-se do redil nacional as ovelhas ranhosas que se recusavam a ouvir o assobio do pastor.
Miguel Torga, Fogo Preso
quinta-feira
Lá fora houve guerras, mortes e destruições. Nós tivemos estes trinta anos de penitância em banho-maria. Amoleceram muitos, sucumbiram outros tantos, degradaram-se inúmeros.Mas existe uma pureza latente na alma da maioria. E é com ela que podemos e devemos encarar o futuro. Um futuro com erros, certamente, mas sem esta fuligem de emasculação e mentira a enegrecê-lo.
O fenómeno é velho e relho. Mas, em lugar de o enfrentarmos lucidamente, continuamos, numa teimosia obsessiva, a jurar sobre os evangelhos adventícios, contra tudo e contra todos.(...) Abrigamo-nos à sombra desses monumentos sagrados , com mais devoção do que os seus próprios construtores. Escravos da ortodoxia ...
Miguel Torga, Fogo Preso
terça-feira
domingo
Pandora's Box
Os albaneses da região kosovar declararam a independência unilateral da Sérvia com o apoio dos EUA e da UE. Sem darmos por isso, pode, o rastilho aceso, rapidamente incendiar a Bósnia e a Geórgia e, por arrasto, toda a Europa. Não esqueçamos que legitimada e reconhecida a independência do Kosovo sobram uma dúzia de vontades de independência nesta Europa de nações e entre elas, as da Abkásia e da Ossétia do sul , na Georgia, desta vez com a Rússia a apoiar. Hoje é, portanto, mais um dia negro para o destino da Europa. Exagero?
Quem conheçe um pouco de História, já viu este filme e sabe como estas coisas costumam acabar. Com a Europa em decadência acentuada, resta-nos que os antigos gregos tenham visto bem e que no fundo da caixa tenha ficado a esperança de que estejamos mesmo em Fevereiro de 2008 e não em Junho de1914.
sábado
sexta-feira
Blowin' in The wind
How many roads must a man walk down
Before you call him a man?
Yes, 'n' how many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand?
Yes, 'n' how many times must the cannon balls fly
Before they're forever banned?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,The answer is blowin' in the wind.
How many times must a man look up
Before he can see the sky?
Yes, 'n' how many ears must one man have
Before he can hear people cry?
Yes, 'n' how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,The answer is blowin' in the wind.
How many years can a mountain exist
Before it's washed to the sea?
Yes, 'n' how many years can some people exist
Before they're allowed to be free?
Yes, 'n' how many times can a man turn his head,
Pretending he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind,The answer is blowin' in the wind.
Eterno Retorno
The Death of Socrates,1787
“Se conheces o inimigo e te conheces a ti mesmo, não precisas de temer o resultado de cem batalhas.Se te conheces, mas não conheces o inimigo, para cada vitória ganha sofrerás também uma derrota.Se não conheces nem o inimigo nem a si mesmo, perderás todas as batalhas.”
(Sun Tzu, ‘A Arte da Guerra’)
(Sun Tzu, ‘A Arte da Guerra’)
segunda-feira
Discurso da Servidão Voluntária
“Por ora gostaria apenas de entender como pode ser que tantos homens, tantos burgos, tantas cidades, tantas nações suportam às vezes um tirano só [...]
Como diremos que isso se chama? Que infortúnio é esse? Que vício, ou antes, que vício infeliz ver um número infinito de pessoas não obedecer mas servir, não serem governadas mas tiranizadas, não tendo nem bens, nem parentes, mulheres ou crianças, nem sua própria vida que lhes pertença[...]
No entanto, não é preciso combater esse único tirano, não é preciso anulá-lo; ele se anula por si mesmo, contanto que o país não consinta a sua servidão; não se deve tirar lhe coisa alguma, e sim nada lhe dar [...].”
Étienne de La Boétie (1530-1563)
Étienne de La Boétie (1530-1563)
Subscrever:
Mensagens (Atom)